Fichamento da apresentação do livro Orientalismo de Edward W. Said.



I – Identificar o autor de forma historiográfica

Autor(a) / Obra Edward W. Said / Orientalismo
Período / Região Em especial séc.XIX – Oriente
Destino Público
Idioma Inglês

Identificação do(a) Autor(a)
Edward Said, nasceu em 1935 em Jerusalém. Mudou-se para o Cairo, no Egito, em 1947. Após, em 1951, emigrou para os Estado Unidos aonde, com mais idade, veio a estudar na Universidade de Princeton e depois na de Harvard, onde conclui o seu doutorado. Em 1963 ingressou como docente na Universidade de Columbia em Nova Iorque. Lá trabalhou durante quatro décadas, ensinando Inglês e Literatura Comparada. Foi professor, também, nas universidades de Harvard, Johns Hopkins e Yale. Considerado um dos mais importantes críticos literário e cultural da América do Norte, Said escreveu dezenas de artigos e livros sobre a questão palestina, inclusive chegou a atuar no Conselho Nacional Palestino, porém se demitiu, em 1991, por desavenças políticas, entre os que foram traduzidos para o português encontram-se “Cultura e Imperialismo” (Cia das Letras, 1995), “Cultura e Política” (Boitempo Editorial, 2003), “Reflexão sobre o Exílio e Outros Ensaios” (Cia das Letras, 2003) e “Elaborações Musicais” (Imago, 1991). O escritor morreu em 2003.

II – Apresentar a problemática do texto

Problemática do
Texto

A sua obra consiste em problematizar a imagem pretérita do Ocidente em relação ao Oriente, elaborada a partir de elementos deste, projetada ainda na atualidade e, chamada por ele de orientalismo, também, busca o entendimento dos motivos pelo qual essa se formou e quem a produziu.


III – Hipóteses defendidas

Defendidas
Said irá defender vários argumentos dentre os quais que no tempo das mais antigas colônias européias no Oriente, os conhecimentos adquiridos ali eram usados para dar um panorama de todo o hemisfério oriental de maneira que afirmasse a cultura do europeu em contraste à imagem do Outro. E que isso era uma forma encontrada pelo ocidental de simplificar e discursar no lugar do oriental, já que este não podia devido ao sistema hegemônico europeu, a respeito de sua cultura e posição no mundo, o que de certa maneira, deu autoridade ao europeu em selecionar o que lhe apraz e interpretar de acordo com a sua visão. Tal não ocorreu apenas nesse tempo remoto, mas em diferentes séculos, pois a visão do homem, mesmo do cientista, é influenciada pelo tempo histórico vivido e pelo contexto político, econômico e religioso de sua nacionalidade e cita como exemplo as produções de Locke e Hume, em seus textos há justificativas da escravidão e a defesa da exploração colonial. Said defende que a voz oriental tinha que ter sido, regularmente, consultada nas obras ao seu respeito, no entanto isso não aconteceu (teoria de Gramsci), fazendo com que o grupo geral de idéias correntes atropelasse a massa de material. E exemplifica isso com a certeza de que qualquer inglês que desembarcasse nas Índias, no século XIX, seu interesse por aquele lugar não fugiria muito de sua condição presente, de estar em colônias britânicas, pois qualquer estrangeiro que chega a novas terras se sente primeiramente como tal, carregado da mentalidade de sua sociedade.

IV – Hipóteses Refutadas

Refutadas

O autor, apesar de afirmar que a divisão do Ocidente e Oriente é uma marcação construída pelo homem, nega a idéia de que a diferente tradição de pensamento, imagística e vocabulário também o sejam. Todavia, é de má fé quem diz que o Orientalismo foi criado apenas pela necessidade de imaginar o outro, para ele, qualquer exame da cultura ou da história de um povo não se pode negligenciar as relações de poder existentes (argumento exemplificado com o título do clássico de Pannikar, A dominação ocidental na Ásia). Também, nega o conceito da diferenciação da produção acadêmica entre política e apolítica. Para ele todas são políticas e nenhuma é suprapolítica. E declara uma série de refutações: “Portanto, o orientalismo não é um mero tema político de estudos ou campo refletido passivamente pela cultura, pela erudição e pelas instituições; nem é uma ampla e difusa coleção de textos sobre o Oriente; nem é representativo ou expressivo de algum nefando complô imperialista “ocidental” para subjugar o mundo “oriental”. É antes uma distribuição de consciência geopolítica em textos estéticos, eruditos, econômicos, sociológicos, históricos e filológicos”.

V. Operacionalização da documentação

1. Teoria de abordagem
2. Metodologia de análise
3. Técnica aplicada

Para realizar o texto, o escritor utilizou como ponto de partida a experiência britânica, francesa e americana. O motivo da escolha da nação britânica, francesa e americana foi porque estas foram as pioneiras no Oriente e essa posição foi mantida graças às suas duas maiores redes coloniais anteriores ao século XX, e posteriormente, o domínio americano. E também pela quantidade de trabalhos sobre o Oriente de nível elevado produzido nesses países. O autor faz a ressalva de não ter trabalhado com a produção erudita alemã porque o Oriente era tratado de forma lírica, novelesca até, mas não real como a dos autores britânicos e franceses, os quais os seus países colheram tais informações em sua jornada imperialista, ao contrário, dos alemães que se aproveitaram do que estes fizeram para elaborar os seus textos. Porém, ambas as produções possuem um traço de autoridade sobre o Oriente, e muito do que o autor faz neste trabalho é examiná-la.
Said não utilizou neste trabalho um exaustivo catálogo de textos e nem de um conjunto claramente delimitado de textos, a sua metodologia foi a de usar um conjunto de generalizações históricas, e que as usou para discutir de forma mais analítica.

VI. Validação das hipóteses defendidas

Validação
Said não vê como desprestígio o fato da produção literária, erudição, teoria social e a escrita da história estar influenciada pela política imperialista. Isso para o autor ajuda a entender a força de certos padrões culturais, e baseia este argumento na idéia de Gramsci, Foucalt, e Raymond Williams, que tentaram ilustrar isso cada um ao seu modo. E esta citação de seu livro testifica a sua opinião ao falar que o orientalismo “é, acima de tudo, um discurso que não está de maneira alguma em relação direta, correspondente, ao poder político em si mesmo, mas que antes é produzido e existe em um intercâmbio desigual com vários tipos de poder, moldado em certa maneira com o poder político, com o poder intelectual, com o poder cultural, com o poder moral
.”

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